terça-feira, 3 de novembro de 2009

"EM SEU NOME"

Há uma crítica muito grande com referência ao portador de doenças. Óbvio que toda doença tem haver com faltas humanas, falta de um cuidado que não se teve. A doença é o alerta mais claro sobre o desequilíbrio entre o corpo e a mente. Em geral o que acontece é uma evolução, sucessivos descuidados dentro da composição familiar, uma decadência genética psicossocial, religiosa e cultural. Ninguém é totalmente culpado por aquilo que carrega, mas de certo é o maior responsável por aquilo que deixa de fazer para melhorar sua qualidade de vida. A gente falar “em nome de”, parece até que podemos adivinhar o que acontece com cada um, verdadeiramente somente a própria pessoa pode saber de fato, ainda que muitos não saibam da própria condição. O que podemos de fato fazer pelo outro que está mais doente ou mais fragilizado que nós será tão somente encorajá-lo a melhor se cuidar, ajudá-lo a encontrar meios que o façam melhorar, ajudá-lo na sua jornada, o apoiando, o fortificando, o amando. Cada um de nós tem um tempo para se recompor na vida e isso não é tarefa muito fácil. A pessoa precisa observar o mundo, se colocar no mundo, atuar no mundo, desconstruir certos valores e inserir novos. A pessoa precisa encontrar novas referências para sua vida, encontrar outras pessoas com olhares diferentes dos que já passaram pela sua vida ou mesmo resgatar antigos olhares que antes não soube valorizar e que agora lhe faz sentido. Aliás, a maior verdade sobre a cura humana está no sentido. Quando uma pessoa sai à busca de novos caminhos há de encontrar outros sentires que poderão lhe fazer mais sentido e aí que entra a devoção. Na busca de novos caminhos há de encontrar com o novo e geralmente esse causa muitos temores, porém, depois de conhecê-lo melhor esse passa a não ser mais um “horror” e sim o “alívio”. Essa constante busca “interior” é uma das questões mais humanas. O desconhecido, o estranho, sempre será o nosso maior mobilizador, o combustível para um seqüencial e verdadeiro aprendizado. A devoção nada mais é do que acreditar naquilo que não se sabe ao certo, não é concreto, mas que a gente senti fortemente. E se o homem não valorizar o seu dom, o que é do homem como a intuição e os sentidos, jamais se reconhecerá como homem, gente. Portanto, falar em seu nome é dizer-lhe aquilo que captamos de ti mesmo, como um espelho te encorajar, apontando suas fragilidades e lhe mostrando sua potência, mexendo com suas estruturas, desafiando-te a ser plenamente você.

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