terça-feira, 3 de novembro de 2009

FILMES E HUMANIZAÇÃO

Na história do “Mágico de Òz”, o homem de lata procura um coração e somente o encontra quando se encontra. Em geral filmes chamam à atenção para aquilo que ninguém vê. Por que uma pessoa precisa ver um filme para entender as coisas do coração? Certamente porque a humanidade ainda é desumana. Produtores, cineastas, pesquisadores sempre vão além, procuram documentar o desejo humano e fantasiar para que esse apenas o sinta, assim o homem senti o filme, entra na história, mas não fica tão perplexo, afinal depois que sai da sessão de cinema, o homem pensa por um instante sobre o assunto e depois o esquece, ele simplesmente não acha ser responsável pela desumanização. Na amostra de cinema internacional que acontece na cidade de São Paulo, alguns filmes são fantásticos nesse sentido, de valorizar as coisas do coração, do que é humano. O filme “Pé de Vento” trata de uma lenda de um garoto que não conseguia colocar literalmente seus pés no chão, menino veloz, era hostilizado por outros garotos que atiravam pedras em sua direção o machucando sempre. O menino vivia com seus pais e era muito amado por esses, porém, jamais poderia se relacionar com outros, ele ficava sempre numa altura superior a cinco metros, impossível manter um relacionamento. Apesar das hostilizações havia sempre a curiosidade de vê-lo no alto e, algumas crianças o observavam de longe, sem saber ao certo o que estava acontecendo. Certa vez umas meninas foram espiá-lo e uma delas ficou pensando porque ele era daquele jeito. Essa curiosidade maior a levou até seu avô que lhe explicou que aquele menino era diferente e aquilo que ele tinha o fazia sofrer demais, porém, como em todas as diferenças havia sim uma maneira dele colocar os pés no chão, um grande sentimento. A menina de coração nobre resolveu ajudá-lo e começou uma aproximação e enquanto ela brincava no chão, o menino vento igualmente brincava no alto. Uma grande amizade aconteceu, o sentimento de amor foi aumentando de proporção e o menino que jamais imaginara tocar no chão, foi tocado primeiro no coração que depois o levou para perto da menina até tocar o chão. Assim um grande sentimento fez de um menino diferente, triste, abandonado se tornar um menino de verdade. O amor operou um milagre e sempre operará. Esse belíssimo filme nos mostra o quanto as pessoas precisam olhar o outro como a si mesmo, o quanto se pode aprender com esse simples gesto de querer entender as diferenças e acima de tudo, o quanto as pessoas perdem tempo com hostilizações, afinal estamos falando de um menino especial, com um dom maior do que todas as outras pessoas. Aqui a gente consegue visionar a beleza da amizade e a potência do amor verdadeiro. Outro filme da amostra que nos fala sobre solidariedade e amor “os olhos”. Uma menina criada pelo avô que é pianista e deficiente visual cria um código próprio de comunicação com ele. Enquanto na tela passam cenas, o avô toca uma música condizente com a cena. A menina o toca a cada cena e se tem ao fundo um musical fenomenal que no final é aplaudido por todos. A menina pega uma gripe forte e adoece. O avô que sempre teve a companhia da neta não consegue chegar no horário, pois a menina sempre fora seus olhos. Ao tocar, o pianista não consegue acompanhar as cenas e se vê forçado a pensar em abandonar o ofício. A menina que sempre fora muito presente na vida do avô, pensa sem parar e vê uma luz em sua mente. Convoca todos os amigos da escola, uns para levar o avô até o local no horário certo e muitos outros para fazer uma corrente, um atrás do outro. Enquanto o avô toca, a menina assiste as cenas em casa e toca o primeiro amigo (manda um código) que sucessivamente toca o outro e assim todos fazem o mesmo gesto até chegar rapidamente ao avô que não se perde. A colaboração de todos toca o coração do público que o aplaude. Todos ficam contentes com cada gesto e aprendem que a solidariedade não só salva uma vida, mas modifica muitas outras e o amor incondicional eleva uma mente a nunca se esvaziar. E ainda falando de amor, na amostra o filme “par perfeito”, apresenta genialmente através das formas geométricas como encontrar o par perfeito. Várias formas geométricas de diferentes arestas, ângulos, etc. se encontram e pensam poder se encaixar. Ao pensar no encaixe se apaixonam e tentam a todo custo o encaixe perfeito. Após inúmeras tentativas descobrem que não foram feitas para se encaixarem. Umas não conseguem se aproximar devido às diferentes formatações de ser; outras vezes ficam muito apertadas uma na outra e desatam pelo desconforto de estarem juntas; outras são muito frágeis e se quebram com a união; algumas até tentam se diminuindo ou deformando-se, mas ficam com pequenas rachaduras e não duram tanto tempo. Incrivelmente as formas mais flexíveis conseguem se encaixar perfeitamente. E nesses simples exemplos geométricos a vida humana deveria se inspirar, afinal o que é o par perfeito? Devemos pensar que não são as igualdades e nem as diferenças que faz uma perfeita união e sim a flexibilidade que cada um apresenta em cada momento da vida. Bela lição! E aqui vai meu protesto e também apreciação. Eu assisti a inúmeros filmes da amostra de cinema e sinceramente a gente precisa prestar mais atenção nesses pequenos filmes e documentários feitos por diversos lugares, dentro do nosso país existe uma cultura fantástica, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará apresentaram filmes e documentários muito bons. Temos realmente que sair um pouco dos filmes dos USA e Cia.. A Itália, Espanha, França e inúmeros outros Estados e Países merecem um prestígio maior de suas produções, muito boas produções e diversificações. Muita atenção àquilo que se consome, pois não é só o rótulo que muda e sim a história, o contexto, a humanização. A variedade de se fazer cinema e produções é quem nos dá uma dimensão do que é o mundo e de como somos diante desse. Os fatos ainda são os nossos verdadeiros olhos, as palavras são alteradas ou ditas de maneiras diferentes dos fatos para minimizar ou aumentá-los, mas esses se bem vistos podem nos mostrar o verdadeiro caminho da humanização, da paz, da felicidade e do verdadeiro amor. Esses filmes nos mostram fatos, realidades que precisaram ser enfrentadas e as atitudes que cada um teve foi o que designou as mudanças, as transformações necessárias para uma vida melhor. Ninguém pode fugir do destino, podemos adiar nosso sucesso ou fracasso, mas teremos que atuar para que qualquer transformação aconteça. Não precisamos ser visionários ou sensitivos para saber o que é certo ou errado, o que precisamos é nos lançarmos a um bem maior, que não só atinja uma única pessoa, mas que através de uma pessoa possamos atingir muitas outras. Eis a grande tarefa humana que há muito tempo estagnou-se, atuar no mundo, pois somos parte da natureza, imprescindíveis para o equilíbrio natural.

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